Membros da Associação Internacional de Produtores de Tabaco (ITGA) do Malawi, da Tanzânia, da Zâmbia e do Zimbabué e parceiros da cadeia de abastecimento de todo o mundo reuniram-se para partilharem as melhores práticas no cultivo do tabaco. Previamente, a ITGA realizou uma investigação sobre os rendimentos da produção de tabaco em todo o mundo para avaliar os desafios a nível regional e nacional, destacando as principais pressões sobre os pequenos agricultores.
O Ministro da Agricultura, Reuben Mtolo Phiri, representado por Paul Mumba, Economista-Chefe para a Política e o Planeamento do Ministério da Agricultura, abriu oficialmente a reunião, afirmando: "investir nos elementos que acrescem valor na produção de tabaco é fundamental para o futuro da Zâmbia".
Durante o seu discurso, o Presidente da ITGA, José Javier Aranda, sublinhou a necessidade das associações de produtores de tabaco trabalharem em estreita colaboração com os seus governos, como parceiros estratégicos na abordagem das questões relacionadas com a produção de tabaco: "Há 40 anos que a ITGA trabalha para reforçar a mensagem sobre a importante contribuição socioeconómica que a produção de tabaco traz aos países onde é cultivada e para contrariar os argumentos negativos utilizados indevidamente contra o nosso sector. A este respeito, os governos dos países produtores de tabaco são os principais interlocutores. Cabe às associações de produtores de tabaco reforçar esta parceria, pois são elas que comunicam diretamente com os produtores no terreno”.
A produtividade agrícola foi o tema principal da reunião e esteve no centro de várias sessões de debate.
O Dr. Brian Kapotwe, Coordenador do Programa Nacional do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola da agência das Nações Unidas para desenvolvimento agrícola (IFAD pelas suas siglas em inglês) apresentou uma análise aprofundada dos constrangimentos enfrentados pelos pequenos agricultores na África Oriental e Austral. O Dr. Kapotwe sublinhou que a melhoria da produtividade agrícola dos pequenos agricultores pode contribuir para resolver os problemas socioeconómicos, ecológicos e políticos dos meios de subsistência rurais em África. O Dr. Kapotwe destacou os desafios nas infraestruturas, e apresentou recomendações fundamentais: "Melhorar a eficiência da utilização dos solos, encorajar a adoção de práticas inteligentes em termos de clima, a utilização da tecnologia, melhorar os serviços de extensão e incentivar organizações de produtores bem estruturadas estão no centro dos esforços do FIDA, tendo em conta que 60% da população africana vive da agricultura".
Mercedes Vázquez, Chefe Executiva da ITGA, apresentou os resultados da recente investigação da associação sobre a produtividade mundial de tabaco e os fatores específicos que afetam as diferentes regiões. As ameaças comuns incluem variações climáticas extremas, escassez de mão de obra e falta de continuidade por parte das novas gerações. Para os pequenos produtores, a limitação de infraestruturas, os défices de abastecimento de água e o fator de propriedade da terra dos agricultores estão entre as principais preocupações. Os produtores comerciais, por outro lado, frequentemente confiam em variedades de sementes estabelecidas que podem assegurar colheitas estáveis, embora o potencial de rendimento possa permanecer abaixo do ideal. “Fará parte das prioridades estratégicas da ITGA abordar a questão da produtividade em todas as nossas reuniões regionais", afirmou Mercedes Vázquez.
O debate sobre as tendências gerais do mercado centrou-se nos principais países produtores de tabaco. Ivan Genov, Gestor da ITGA de Análise da Indústria do Tabaco, partilhou a mais recente dinâmica de produção. "A nível mundial, a oferta das principais variedades de folha continua a ser muito reduzida, enquanto a procura é elevada. As condições meteorológicas adversas levaram a uma menor produção nos principais mercados africanos e no Brasil, o que provavelmente terá um impacto duradouro para além da campanha de comercialização de 2024."
Christopher Day, Analista de Investigação sénior da Euromonitor International, apresentou uma panorâmica global das últimas tendências no consumo de produtos do tabaco. O Sr. Day salientou que a região do Médio Oriente e África é uma das poucas regiões que está a registar um crescimento dos cigarros em termos de volume. Também partilhou atualizações sobre novos produtos, em que o tabaco aquecido está a conquistar, o que chamou de ‘território do leão’ das vendas globais. “Os maiores desafios para os mercados africanos são o aumento da inflação, regulamentos mais rigorosos, a alteração dos padrões de consumo da geração mais jovem e a crescente quota do mercado ilícito", afirmou".
O painel de discussão sobre a produtividade agrícola e o debate que se seguiu ilustraram exemplos de diferentes níveis da cadeia de abastecimento nos seus esforços para criar projetos rentáveis. Por um lado, os produtores fazem o seu melhor para fornecer um produto de boa qualidade e manter margens decentes. Por outro lado, os parceiros da cadeia de abastecimento examinaram os resultados dos seus esforços para ajudar os produtores a melhorar as suas práticas agrícolas. Algumas iniciativas bem-sucedidas no Malawi podem lançar luz sobre modelos que podem ser reproduzidos noutros países africanos produtores de tabaco. A sessão abrangeu todos os aspetos do processo de cultivo: desde a otimização das terras até a conservação dos solos e ao tratamento final da colheita. A conversa foi enriquecida pelos conhecimentos de alto nível reunidos na sala e pela troca de ideias e perspetivas.
No dia 28 de junho, os delegados da ITGA foram recebidos nas instalações de Tombwe Leaf, onde se realizou uma sessão de demonstração com diferentes exemplos de projetos que visam treinar os produtores em práticas mais sustentáveis e de otimização no cultivo. Parte destes treinos inclui o cultivo de bambus, a criação de viveiros, métodos eficientes de construção de estufas com alto teor de eficiência e redução de lenha consumida , utilização de equipamento de proteção e aplicação de fertilizantes. No fim, a sessão prática foi seguida de um debate informal que permitiu concluir os principais resultados.
No final do Encontro Regional da ITGA 2024 em África, foi desenvolvida uma estratégia de acompanhamento para a região. O Vice-Presidente da ITGA e Presidente da Associação do Tabaco da Zâmbia (TAZ), Zvhikonyo Mahombe, encerrou a reunião concluindo: "Creio que existe um acordo comum sobre o caminho a seguir e este caminho é aquele que deve unir o sector para trabalhar nas preocupações que todos partilhamos. Agora precisamos de pôr a teoria em prática, e conseguir que a cadeia de abastecimento junto com os governos, atendam aos investimentos necessários com o entendimento de que os produtores de tabaco devem estar no centro desta conversa. Alguns dos desafios não podem ser controlados, como é o caso das alterações climáticas. No entanto, se acreditarmos na continuidade deste sector, os que estão sob o nosso controlo terão de ser resolvidos ou, pelo menos, mitigados da melhor forma possível. A ITGA fará do diálogo sobre a produtividade agrícola uma prioridade na visão a longo prazo da nossa associação".
ITGA: Leaf Perspective in 2024
ITGA: Trends in Tobacco Yields A Key Issue for Farm Productivity
Euromonitor International: An Overview of the Tobacco Market in Africa
IFAD: Overview of Farm Productivity: Barriers Faced by Small-scale Farmers in East and Southern Africa
Growing Concerns and Why Farmers Should Keep An Eye on Articles 17 & 18 of the FCTC
Human Rights Due Diligence Developments
